Venda de vagas em órgãos federais segue a todo vapor - DF



Revista Veja-19/12/11: Há duas semanas, o site de VEJA revelou o funcionamento de um esquema de venda de vagas de vigilantes em órgãos públicos federais. A ilegalidade é operada dentro da Patrimonial, empresa que oferece mão de obra para ministérios, estatais e para a Universidade de Brasília. Agora, surgem mais duas pessoas que admitem ter alimentado o esquema. A história relatada é idêntica: intermediários, que também trabalham para a Patrimonial, são encarregados de recolher os recursos - o preço, que era de 4 000 reais, chega atualmente a 5 000. O pagamento é feito em dinheiro vivo e a contratação se dá dias depois. O atravessador fica com uma pequena parte do dinheiro. O restante é repassado a dois diretores da empresa: Pedro dos Santos Lira, que comanda a área operacional, e Wander Silvano de Queiroz, responsável pelos contratos de vigilância.

Edivandro Rodrigues: compra de vaga se 
transformou em dívida de 8 000 reais. 
Gabriel Castro
Uma das pessoas ouvidas pelo site de VEJA ainda trabalha na Patrimonial e prefere manter a identidade sob sigilo. A outra decidiu mostrar o rosto: é Edivandro Rodrigues. Ele comprou uma vaga por 5 000 reais. Recebeu a garantia de que iria trabalhar no horário noturno. Mas o acerto não durou muito tempo. O vigilante ficou um mês no Ministério da Justiça e outro na Infraero. No terceiro mês, teve o horário alterado: a nova escala se chocava com o outro emprego de Edivandro. A intenção era forçar a saída do funcionário para liberar a vaga e vendê-la de novo. Os apelos a Wander não funcionavam. Edivandro teve de deixar o cargo.

O vigilante havia feito um empréstimo para conseguir entrar no esquema: "Paguei 5 000 e estou devendo é 8 000. Essa máfia existe e todo dia coloca gente na Patrimonial. A jogada é colocar as pessoas e mandam embora meses depois", descreve Edivandro. Quando comprou a vaga, Edivandro entregou o dinheiro a Wilson Arruda, vigilante do Ministério da Justiça. Depois do acerto, o intermediário parou de atender aos telefonemas. Ficaram o prejuízo e o arrependimento.

Aviso prévio
Outro personagem ouvido por VEJA diz que prefere não se identificar. Ele está no cargo desde abril de 2010. Mas já recebeu o aviso prévio e deve ser demitido em breve. Na época, o vigilante diz ter pago 4 000 reais pela vaga. "Eles pedem para entregar o dinheiro junto com o curículo. O pessoal do RH não sabe do esquema", conta. O agente de segurança faz uma estimativa que coincide com a avaliação feita por um personagem da primeira reportagem do site de VEJA sobre o caso: "De cada dez vigilantes que eles precisam, pelo menos cinco ou seis entram por esse esquema".

Pedro dos Santos Lira: apontado como operador 
do esquema. /Reprodução
Se as contas estiverem certas, o esquema se transformou numa máquina milionária: a Patrimonial tem cerca de 2 000 funcionários, a maior parte deles na área de vigilância. A companhia também fornece mão de obra na área administrativa. E mantém contratos com órgãos importantes do governo federal: além da Infraero e do Ministério da Justiça, a empresa cede trabalhadores para órgãos como a Caixa Econômica Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Universidade de Brasília e o Senado Federal.

O Ministério Público do Trabalho já investiga o caso. O Sindicato dos Vigilantes também tomou conhecimento de casos semelhantes. Moisés da Consolação, um dos diretores da entidade no Distrito Federal, diz que há relatos de irregularidades semelhantes também em outras empresas: "Isso chegou até nós e estamos apurando", diz ele.

Silêncio
Os apontados como responsáveis pelo esquema ilegal optam pelo silêncio. A Patrimonial não se pronuncia. Talvez porque Pedro dos Santos Lira, que gosta de se exibir em lanchas no Lago Paranoá, é o número 2 da companhia, abaixo apenas do proprietário. Wander Silvano de Queiroz mantém contato direto com os vigilantes e é responsável por desocupar as vagas para manter o processo de venda. Um método que, até agora, não dá sinais de que que vai ter fim.

Por Gabriel Castro

veja também:


Stumble
Delicious
Technorati
Twitter
Facebook

0 Comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Vigilante Tem Notícias. Dê sua opinião com responsabilidade!

Todas as informações publicadas no Vigilante Tem Notícias são linkadas na fonte para os seus sites de origem.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Mais Recentes Mais Antigas Home
 

Vigilante Tem Notícias Copyright © 2010 LKart Theme is Designed by Lasantha create a site

Este site não produz qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como um veículo que "ecoa" notícias já existentes na internet.