Vigias são aliados de bares para 'espantar' flanelinhas - SP

JornalACidade-01/06/13: Muitos não param para fazer a conta, mas a ida ao barzinho ou ao restaurante no fim de semana poderia ficar mais barata se não fossem os flanelinhas, que cobram até R$ 10 (adiantado) para olhar o carro em pontos como o Boulevard.

Por conta de uma ação civil pública da promotoria de defesa do consumir, julgada em abril deste ano, a atuação dos flanelinhas está proibida em Ribeirão Preto.

Zona Sul: Região ainda tem flanelinhas, mas bares apostam
em acordos com os vigias noturnos para atrair a clientela.
Foto: Matheus Urenha / A Cidade

Com o objetivo de evitar o gasto extra para seus clientes e atrair mais movimento, estabelecimentos de Ribeirão encontraram uma saída no acordo com os vigias noturnos. Eles ficam próximos de bares e restaurantes e não cobram nada dos motoristas, que escolhem se dão a gorjeta e o valor, sem pressão.

Marco Antonio Braga, sócio do Bar Rio, na região do Boulevard, na zona Sul, diz que a união com o guarda noturno da rua trouxe mais seguranças e clientes. “As pessoas sabem que é uma pessoa que está sempre aqui, conhecida do bar e não fica incomodada em parar na rua. Isso, com certeza, atrai mais clientes”, afirma.

Conforme Braga, essa parceria espantou flanelinhas que atuavam na região. Para o agente de viagens Ricardo Morato de Carvalho, 34 anos, que frequenta o bar, a iniciativa é positiva e um meio de evitar um gasto que muitas vezes revolta.

“É um absurdo termos que dar dinheiro, às vezes adiantando, para estacionar em um local público, sem contar que a gente fica inseguro”, comenta. “Com esse esquema do vigia, a gente dá se tiver dinheiro e se quiser, sem ameaça.”

Clientes aprovam iniciativa dos bares
O Bar Dom Pedro, na avenida Itatiaia, também na zona Sul, paga pelos serviços do vigia da rua como as casas e outros estabelecimentos no local, e ganha a confiança dos clientes.

“Temos o valet, mas muitos clientes nem se incomodam em parar na rua e dar umas moedas para o vigia, que fica sentado na esquina e passa essa tranquilidade”, diz a gerente Cirlene Cristina Nery.

“Já paguei R$ 10 para um flanelinha que queria me cobrar R$ 15. A gente fica desconfiado. Prefiro ir em locais que tenha os vigias noturnos no bairro porque fico mais seguro e ainda economizo. E a gente paga com boa vontade, não porque estamos coagidos”, comenta o consultor Dirceu Cavalari, 32.

Bares pagam e dão ‘brindes’ para contar com os vigias
Um vigia noturno de 50 anos que trabalha na zona Sul e tem acordo com um estabelecimento disse que a relação com os donos dos bares é boa para todos.

O consultor Dirceu Cavalari diz que prefere frequentar
locais que contem com os vigias.
Foto: F.L.Piton / A Cidade

“Os clientes ficam tranquilos, o empresário não tem problema com os flanelinhas e a gente ganha uns trocos para completar a renda no final do mês”, comenta o vigia, que não quis se identificar. Segundo ele, de moeda em moeda, chega a tirar R$ 40 em uma noite movimentada.

O acordo entre os bares e vigias é feito de várias formas, desde o pagamento mensal pelo serviço, de até R$ 200, passando por “brindes” como porções e refrigerantes, até um acordo amigável mesmo, onde em troca ele pode receber dos clientes uma “gorjeta.”

“A gente sempre monitora e conversa com o vigia. Quando ele não pode vir e pede para outra pessoa ficar, ele nos avisa. Temos uma relação legal”, disse Marco Antonio Braga, sócio do Bar Rio.

A assistente comercial Érica Magalhães Rizzo, 38, disse que o perfil dos vigias gera mais confiança. “Não são pessoas com atitudes e aparência suspeitas.”

Jornal A Cidade - Raissa Scheffer

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