ODocumento-09/06/13: Alvo de diversas críticas de pacientes, visitantes e funcionários, o sistema de segurança privatizada, implantado no Pronto-Socorro de Cuiabá no começo deste mês é controverso e não tem qualquer critério definido. A justificativa da direção da unidade é que médicos, enfermeiras e demais servidores que antes ficavam expostos às ameaças de pacientes insatisfeitos com os atendimentos bem como de criminosos atendidos no PS, agora estão mais protegidos.
Mas o fato é que logo na primeira semana em que a Integral Segurança passou a atuar no local com uma equipe de 12 vigilantes mais um supervisor, surgiram várias denúncias de visitantes que alegam terem sido agredidos ou ofendidos e constrangidos ao serem submetidos à revista pessoal e vistoria em bolsas e sacolas em entrar e sair da unidade de saúde.
Uma repórter fotográfica de um site de notícias da Capital denunciou que foi “empurrada violentamente” por um dos seguranças da empresa quando ele percebeu que era fotografado enquanto revistava os visitantes que pretendiam entrar na unidade. Ela estava na parte externa e disse que o segurança foi em sua direção alegando que ela não tinha permissão para estar ali fotografando e a empurrou.
O médico e vereador Ricardo Saad também recebeu reclamações em seu gabinete, inclusive 2 boletins de ocorrência de pessoas que afirmam que foram agredidas, de alguma forma, pelos seguranças da empresa terceirizada. Saad reuniu um grupo de vereadores e foi até o Pronto-Socorro na última quinta-feira (6) para averiguar as denúncias e também foi barrado. Um servidor do proibiu a entrada de todos e bateu a porta na cara dos vereadores.
A falta de critérios nas abordagens, para escolher quem é revistado e quem não é foi constatada pela reportagem que acompanhou a visita dos vereadores e conversou com 2 visitantes que acompanhavam parentes ali internados e também com uma funcionária da unidade de saúde. Na prática, a reportagem constatou que nem todas as pessoas que entram ou saem são revistadas ou abordadas.
Tanto a instrutora de auto-escola, Renata Adriana Lima, 21, quanto a cozinheira Clézia Pereira de Oliveira, 33, que acompanhavam familiares vítimas de acidente, deitados em camas espalhadas pelos corredores do Pronto-Socorro, afirmaram que não foram revistadas nem para entrar e nem para sair da unidade. Clézia disse que já havia saído 2 vezes para lanchar e voltado e não foi revistada e nem teve sua bolsa vistoriada. “Ainda bem né, porque eu não gostaria de passar por essa situação, pois não sou bandida para ser revistada”, disse ela.
Renata também passou sem problemas na entrada, mas se identificou e disse que foi ao local para acompanhar a mãe que sofreu acidente e deu entrada na unidade levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela porém, concorda com as medidas adotadas pelo Pronto-Socorro. “Acho que isso foi feito para uma maior segurança de todos”, disse ela.
Por outro lado, uma funcionária que trabalha no PS há 21 anos reclamou para a reportagem da forma como estão sendo tratados os servidores desde que foi implantado o trabalho dos vigilantes. Ela disse agora é obrigada a sair por um portão pequeno que fica na parte lateral da unidade, onde segundo ela, é escuro durante à noite e oferece perigo. “A gente quando sai por lá corre o risco de ser assaltada, porque é escuro e perigoso naquela parte. O certo era eles nos deixarem sair pelo portão principal que fica em frente o ponto de ônibus”, lamentou a servidora que pediu para não ser identificada para evitar represálias.
Em nome do Pronto-Socorro, médico Celso Vargas que atua na parte administrativa disse que a empresa foi contratada porque os servidores e pacientes reclamavam da insegurança e da exposição que eram submetidos devido à condição de vulnerabilidade por estar doente, ao passo que centenas e até milhares de pessoas passam pela unidade de saúde. Já existia uma discussão para contratar os serviços, mas após um traficante que acompanhava um paciente ter ameaçado de morte 2 médicos na madrugada do dia 31 de maio, a contratação da empresa foi adiantada e os serviços passaram a ser desempenhado por uma equipe de 12 vigilantes no dia 1º de junho.
Celso garante que vigilantes são treinados para atender todos com respeito e não discutir e nem agredir ninguém. “É preciso um controle de fluxo de quem entra e sai para proteger a vulnerabilidade dos pacientes que aqui estão internados”, pontuou Vargas ressaltando que o PS recebe a todos os pacientes sendo de Cuiabá ou de cidades do interior, sem bater a porta na cara de ninguém. Sobre o servidor que impediu a entrada dos vereadores e bateu porta na cada do grupo, ele prometeu que serão tomadas as providências cabíveis.
A reportagem questionou o supervisor da equipe da Integral Segurança que atua no Pronto-Socorro, Hercy Leite de Souza, sobre os procedimentos que são realizados por sua equipe e quais são os critérios usados para barrar ou permitir a entrada de alguém, bem como fazer revista pessoal e vistorias em bolsas e sacolas, mas ele disse que não estava autorizado a falar em nome da empresa.
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