Segundo o boletim de ocorrência, por volta das 22h, a Policia Militar foi chamada para atender a uma ocorrência de briga com disparo de arma de fogo. Quando os policiais chegaram ao local, Adonias já estava abrigado na casa do porteiro Helenicio da Silva, 29 anos. No momento da invasão, ele estava com a mulher e o filho de quatro anos. “A porta estava aberta, e ele entrou muito assustado, pedindo para chamar a polícia. Saí com a minha família na hora. Foi ele quem acabou chamando os policiais”, conta.
Trancado no interior da residência, o encarregado não atendeu aos chamados dos policiais para deixar o local. A porta foi arrombada, e então Adonias deu um tiro, que pegou de raspão em um dos PMs. O encarregado, então, correu para o quarto. Passou a chave na fechadura. Sua mulher e a filha de 14 anos vieram pedir para que ele saísse do local, mas ele permaneceu calado.
Às 3h30, o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, foi chamado para ajudar na ação. Colocaram uma câmera na fresta da porta do quarto. Adonias percebeu. Deu mais um tiro, que pegou no escudo dos policiais.
Apelaram então para o uso de uma bomba de gás lacrimogênio e de um cachorro da corporação. O encarregado fez mais um disparo com o revólver. Por volta das 6h, os policiais ouviram mais um tiro vindo do interior da casa. Pela janela, viram Adonias caído. Baleado, com um tiro na cabeça. A versão oficial é de suicídio.
Confusão
Segundo amigos e familiares, Adonias estaria sofrendo de delírios persecutórios há alguns meses. Mas questionam se o encarregado seria capaz de tirar a própria vida. “Ele era um trabalhador exemplar. O problema é quando ele bebia, que ele começava a achar que estava sendo perseguido. Ontem [domingo], isso aconteceu quando estava no bar. Implicou com um sobrinho. Ele dizia que comprou a arma para se proteger e comentou com a minha irmã que precisava de ajuda. Comentou comigo que queria ir à igreja comigo”, conta o cunhado de Adonias, Edme Brito da Silva, 40 anos.
Vizinho do encarregado, o fotógrafo Valdir Lopes critica a ação policial. Acha que faltou empenho na negociação. “No domingo mesmo, ele estava falando comigo dos planos de reforma da casa. Alguém que fala isso não se mata. Ele não era bandido. É só ver o estado em que ficou a casa para ver que foi uma ação violenta. Deveriam ter usado de psicologia. Ele não estava bem. Deve ter se sentido muito assustado”, opina Lopes.
O caso será investigado pelo 3º DP. Nos bolsos, Adonias levava a carteira e o celular.
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