Jornal Zero Hora-06/05/11: Quando o filho de Olinda Vieira Lemes, 64 anos, era pequeno, ela não se importava de passar noites em claro para cuidá-lo quando tinha febre, fome ou apenas queria atenção. Quase três décadas depois, com alegria, a mãe ainda abre mão do sono e descanso para zelar pela segurança dele e dos moradores do centro de Santo Ângelo, nas Missões.
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Todas as noites, das 22h30min até às 05h30min |
— Muita gente ironizou, disse que minha mãe não tem idade para auxiliar na vigilância, que mulher não pode fazer esse tipo de trabalho. Mas o presidente da associação autorizou e pedi ajuda para ela, pois com o problema no pé não tenho a mesma agilidade para cuidar de tudo e poderia perder minha renda— diz Lemes, com apito na mão, antes de emitir o sinal sonoro que mostra aos moradores que ele trabalha para que os outros possam dormir.
Olinda é a única mulher no grupo da Avisa e explica que ajuda é temporária, até que o filho faça nova cirurgia no pé, que já tem duas placas de platina, consiga um emprego com carteira assinada e volte a cursar a faculdade enfermagem, curso que teve que abandonar após cinco semestres, por falta de recursos, já que dependiam apenas da aposentadoria e pensão da mãe.
Por amor, não se mede esforços
Em fevereiro de 2010, quando se acidentou de bicicleta, Lemes ficou 120 dias sem colocar o pé no chão, por isso, terceirizou o serviço que prestava na associação. Em média, ganha R$ 600 mensais dos moradores que contribuem com o sistema de vigilância. No entanto, mesmo sem trabalhar, pagou pela cirurgia no Hospital da Cidade de Passo Fundo. Com dívidas, o vigia pediu auxílio da mãe.
—Quero o melhor para o meu filho, sei que ele não será vigilante a vida toda. Neste período ajudo, observando o movimento da rua, enquanto ele circula de bicicleta pelas quadras. Sei que faria o mesmo por mim. Por amor, não se mede esforços — afirma a viúva, que fica sentada atenta a tudo que acontece na noite.
Seja nas noites frias ou de chuva, nada intimida a mãe de Lemes. Enquanto lê a bíblia, reza pela segurança da população e por um futuro melhor para o filho.
O serviço de vigia
Em Santo Ângelo, existem 60 profissionais como Lemes. Cada um é responsável por uma área da cidade. Identificados com um colete, circulam durante a noite e, se averiguarem qualquer atitude suspeita, devem acionar a polícia. Os vigilantes não estão autorizados a entrar em conflito com ninguém, salvo em legítima defesa. veja também:
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