Para garantir a renda, idosa trabalha junto com o filho durante as madrugadas - RS



Jornal Zero Hora-06/05/11: Quando o filho de Olinda Vieira Lemes, 64 anos, era pequeno, ela não se importava de passar noites em claro para cuidá-lo quando tinha febre, fome ou apenas queria atenção. Quase três décadas depois, com alegria, a mãe ainda abre mão do sono e descanso para zelar pela segurança dele e dos moradores do centro de Santo Ângelo, nas Missões.

Todas as noites, das 22h30min até às 05h30min
Desde que Marquin Vieira Lemes, 28 anos, quebrou o pé, enquanto fazia a ronda noturna de bicicleta e precisou abandonar o emprego, a mãe decidiu que, tão logo ele pudesse voltar ao trabalho, iria ajudar no sustento do filho. Sem reservas, há sete meses, todas as noites, das 22h30min até às 05h30min, enquanto ele dá voltas no quarteirão e averigua se tudo está tranquilo, Olinda cuida da outra parte das ruas que Lemes tem responsabilidade como integrante da Associação de Vigilantes Santo-Angelenses (Avisa).

— Muita gente ironizou, disse que minha mãe não tem idade para auxiliar na vigilância, que mulher não pode fazer esse tipo de trabalho. Mas o presidente da associação autorizou e pedi ajuda para ela, pois com o problema no pé não tenho a mesma agilidade para cuidar de tudo e poderia perder minha renda— diz Lemes, com apito na mão, antes de emitir o sinal sonoro que mostra aos moradores que ele trabalha para que os outros possam dormir.

Olinda é a única mulher no grupo da Avisa e explica que ajuda é temporária, até que o filho faça nova cirurgia no pé, que já tem duas placas de platina, consiga um emprego com carteira assinada e volte a cursar a faculdade enfermagem, curso que teve que abandonar após cinco semestres, por falta de recursos, já que dependiam apenas da aposentadoria e pensão da mãe.

Por amor, não se mede esforços
Em fevereiro de 2010, quando se acidentou de bicicleta, Lemes ficou 120 dias sem colocar o pé no chão, por isso, terceirizou o serviço que prestava na associação. Em média, ganha R$ 600 mensais dos moradores que contribuem com o sistema de vigilância. No entanto, mesmo sem trabalhar, pagou pela cirurgia no Hospital da Cidade de Passo Fundo. Com dívidas, o vigia pediu auxílio da mãe.

—Quero o melhor para o meu filho, sei que ele não será vigilante a vida toda. Neste período ajudo, observando o movimento da rua, enquanto ele circula de bicicleta pelas quadras. Sei que faria o mesmo por mim. Por amor, não se mede esforços — afirma a viúva, que fica sentada atenta a tudo que acontece na noite.

Seja nas noites frias ou de chuva, nada intimida a mãe de Lemes. Enquanto lê a bíblia, reza pela segurança da população e por um futuro melhor para o filho.

O serviço de vigia
Em Santo Ângelo, existem 60 profissionais como Lemes. Cada um é responsável por uma área da cidade. Identificados com um colete, circulam durante a noite e, se averiguarem qualquer atitude suspeita, devem acionar a polícia. Os vigilantes não estão autorizados a entrar em conflito com ninguém, salvo em legítima defesa.

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