O laudo da reconstituição da morte da advogada Mércia Nakashima foi concluído hoje pela Polícia Técnico-Científica e entregue à Polícia Civil. Segundo o perito Renato Pattoli, o laudo comprova a versão da principal testemunha do caso um pescador, que disse ter visto o carro afundando na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP) e ouvido gritos.
Haddad Júnior afirmou que o Código de Processo Penal estipula que todos os laudos e documentos, para serem usados em audiência, precisam ser anexados ao processo com, no mínimo, cinco dias de antecedência.
"A defesa se recusou a tomar ciência do laudo entregue hoje. Nós entendemos que a audiência precisa ser redesignada para que a defesa possa estudar com calma este laudo. É uma peça importante, um dos laudos mais importantes do processo, e não temos condições de pegar um documento hoje para ser usado na segunda", disse o advogado.
Caso o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, da Vara Privativa do Júri de Guarulhos, não aceitar o pedido de adiamento, Haddad Júnior afirma que irá entrar com um recurso para anular a audiência.
Durante a reconstituição realizada no dia 17 de setembro, a perícia simulou gritos, que fora ouvidos por outros peritos do lugar onde pescador afirma ter estado no dia do crime. Do mesmo local, segundo Pattoli, era possível ver vultos das pessoas que estavam onde o carro de Mércia teria sido jogado.
Mizael foi acusado de homicídio triplamente qualificado, mas desde o início das investigações nega qualquer envolvimento com o crime. O vigia Evandro Bezerra da Silva, acusado pela polícia de ajudar Mizael, foi denunciado por homicídio duplamente qualificado.
O vigia chegou a falar, em depoimento à polícia, que combinou de ir buscar Mizael na represa de Nazaré Paulista no dia 23 de maio data de desaparecimento de Mércia, mas depois mudou a versão e negou envolvimento com o crime.
Caso
Mércia desapareceu no dia 23 de maio. A polícia diz acreditar que ela foi morta no mesmo dia, apesar de seu carro ter sido encontrado apenas no dia 10 de junho após indicação de uma testemunha. O corpo da advogada foi encontrado no dia seguinte.
Uma espécie de reconstituição já havia sido feita no dia 11 de agosto, quando peritos refizeram o dia de Mizael, de acordo com os dados do rastreador de seu celular e das antenas de celular. Na ocasião, o delegado Antonio de Olim da Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) afirmou que a vistoria serviu para reforçar as contradições no depoimento do suspeito. Na época, ele também destacou a contradição em relação a alegação de Mizael de que teria saído com uma prostituta.
Já o laudo pericial sobre a morte da advogada foi entregue à Polícia Civil de São Paulo e ao Ministério Público no fim de agosto. A principal evidência apresentada no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael, que seria compatível com alga presente na represa de Nazaré Paulista.
De acordo com Pattoli, essa evidência dá certeza de que aquele sapato foi usado por alguém que colocou o pé na água da represa, mas não é possível confirmar se foi usado por Mizael.
Além da alga, foram encontrados na sola do sapato resíduos de chumbo compatíveis com a bala que feriu Mércia, uma mancha de sangue e um pedaço de osso. Apesar disso, a perícia não conseguiu fazer um exame de DNA para determinar se o sangue era humano ou se o osso era da advogada.
Ainda de acordo com o laudo, Mércia foi atingida por disparos dentro do veículo e o carro foi empurrado para dentro da represa, onde a advogada morreu afogada. O autor do crime estaria no banco do passageiro, e a advogada no banco do motorista, que estava ajustado de forma compatível a sua altura. Com a conclusão do laudo pericial, está concluída a análise do carro de Mércia.
Versão da polícia para o crime
11h45: Evandro e Mizael se encontram em uma feira, onde Evandro faz trabalhos eventuais, na avenida Monte Alegre km 34 (estrada Guarulhos/Nazaré Paulista)
12h26: Mizael chega em sua casa na rua Toshio Uenishi, em Guarulhos (Grande SP)
16h30: Mizael sai de sua casa
16h52: Chega na avenida Mancabal, onde fica o posto de gasolina onde trabalha Evandro. Sai do posto às 17h.
17h17: Mizael passa pela rua Canguçu de onde é possível ver a casa da avó de Mércia
18h02: Mizael volta para sua casa
18h05: Mizael sai da sua casa e vai para o posto de gasolina. De lá, Evandro e Mizael saem juntos, cada um em seu carro, e vão para a avenida Perimetral, no estacionamento do Hospital Geral de Guarulhos
18h42: Mizael estaciona o carro em frente ao hospital, entra no carro de Evandro e dirige até a frente da casa do pai de Mércia, onde deixa o Evandro para não chamar a atenção. Ele fica 30 minutos rodando com o carro de Evandro (que não tem rastreador). Evandro diz não saber para onde Mizael foi, mas nesse período recebe uma ligação de Mizael. Mizael retorna para frente da casa do pai de Mércia, pega Evandro e volta para o estacionamento, onde Mizael teria dito ao Evandro para pegá-lo às 21h na represa de Nazaré Paulista
* Para a polícia, Mércia provavelmente passou para pegar Mizael em frente ao hospital e ele entrou no carro dela. Evandro pode ter seguido os dois. veja também:
0 Comentário:
Postar um comentário
Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Vigilante Tem Notícias. Dê sua opinião com responsabilidade!
Todas as informações publicadas no Vigilante Tem Notícias são linkadas na fonte para os seus sites de origem.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.