Responsáveis por empresas de construção civil não comentam a mudança, mas funcionários confirmam que a prática ficou comum. Para eles, porém, os cães bravos dão mais segurança aos funcionários.
O pedreiro Ivan Campos trabalha na construção de um prédio, no Jardim Paulista, zona Leste, e afirma que o cachorro é mais eficaz que os vigias. Os operários dizem que os furtos e as invasões diminuíram.
Em uma das obras, um guincho chegou a ser levado pelos ladrões. "Eles entram e levam o que podem. Na construção ao lado, levaram toda a fiação elétrica, mas, depois que arranjaram um cachorro, ninguém invadiu mais", diz.
Para a AVA (Associação de Vida Animal), o serviço precisa de regulamentação.
"Não existe lei para amparar o aluguel de cães. São mercados paralelos e sem fiscalização. Há quem abuse do animal, que pratique esse aluguel e deixe o animal sem comida, para que o cão fique bravo. As autoridades vão acordar quando ocorrer uma tragédia", diz a presidente da entidade, Maria Cristina Dias.
A AVA é contra o aluguel de animais e alerta para o perigo da falta de fiscalização. A entidade defende que as obras tenham um vigia para cuidar dos cães.
"Somos contra porque a maior parte desses animais é maltratada. É um mercado assustador. Animal de guarda tem a função de guardar, mas, se for animal sem cuidados, vai virar um risco."
Criança atacada
No início da semana passada, um menino de 8 anos foi atacado por dois cães da raça rottweiler quando saía da escola Elisa Duboc Garcia, no Jardim João Rossi, zona Sul. Ele havia acabado de participar da aula de karatê e estava em frente ao portão quando os cães o atacaram.
Para se salvar, ele subiu em uma caixa de correio, em frente à escola, mas teve a perna ferida por um dos animais. "Foi salvo por dois homens que bateram com rodinhos nos cachorros. Os animais fugiram de uma construção aqui perto", diz a mãe do garoto, Sandra Maria da Silva Cunha.
Donos de canis
"Fizeram a opção pelo cão porque ele não é corrompível, não tem 13º salário, não tem indenização. O custo-benefício é mais vantajoso", diz Monalisa Cantadeiro, dona de canil que aluga animais para vigiar construções em Ribeirão Preto.
Um dono de canil procurado pela reportagem também afirmou que os proprietários estão em buscas de menor custo. Ele não quis ser identificado.
"O cão não vai entrar na Justiça Trabalhista e nem passar o tempo de trabalho bebendo. Nas construções que têm meus animais, os furtos caíram 70%", diz ele.
No entanto, Monalisa aconselha os proprietários a conhecer os canis e a forma como o animal é tratado antes de fechar o negócio com o dono do cachorro. veja também:
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